Por Cassio Caetano Gusson
Dentre todas as siglas utilizadas pelos periódicos neste mês, sem dúvida nenhuma a que causou mais estardalhaço foi a do Primeiro Comando da Capital, PCC. Manchete em quase todos os jornais do país, ganhou destaque em importantes publicações internacionais e foi motivo, dentre outras coisas, de um fato inédito no Brasil. São Paulo, parou.
"A culpa é do estado que não promove segurança", "Tudo virou uma guerra urbana", estas e outras frases foram amplamente utilizadas para justificar ou questionar governantes e outros com a finalidade de encontrar o "culpado" pelo "caos" social que três letras causaram. Independente do fato do estado ter uma política ruim ou não no caso da repressão do crime organizado, (e bem organizado), o que ficou mais evidente foi a comprovação de que vivemos numa sociedade da informação. Na qual, quem sabe, manda, que confunde ganha e quem não sabe corre. Quando o homem desceu da árvore, ou quando o verbo se fez presente na boca de Adão, o ser humano precisou se comunicar, passar aos outros o que sente, pensa, vê ou julga ver (what´s real for you?).Guardando-se as suas proporções durante todas as épocas a comunicação e nela, a linguagem, sempre foram essenciais e quem as dominava obtinha o poder ad eternum. Na construção social da qual fazemos parte a informação tornou-se, como diria Marx, a base da superestrutura. Afinal é ela que proporciona a vanguarda seja nas prospecções de novos mercados e novos produtos a serem consumidos, (analise feita pelo marketing), seja no dia a dia quando saímos de casa tendo em mente o que vamos fazer durante as horas que nos restam entre o acordar e dormir. A detenção da informação (para manter o léxico), e não só isso como o seu discernimento graças, dentre outras coisas, a linguagem da internet fez com que as letras e os sons deixassem de ser apenas artefatos comunicacionais, mas tornaram-se instrumentos de comércio e construção da ordem social (sempre o foram, mas agora mas nítido ainda). A tempos diz-se que um país se faz de livros e leitores, por isso, Hitler, Mao, e tantos outros proibiram livros, e por ai afora, jornais são censurados, sites proibidos, cantores exilados, tudo com a finalidade de calar a linguagem afim de que exista a verdade daquilo que dizemos. Com ar de "vejam só, aconteceu por causa disso" os jornais divulgaram que "Marcola" leu a Divina Comédia, de Dante e a Arte da Guerra de Sun Tzu, mostrando que ele não é apenas um líder de uma gangue de rua, mas uma pessoa que detém a informação, portanto, perigoso pois a ele as letras no papel não são apenas adornos. Portanto, superior, e devemos temê-lo. Medo. Frente a tudo isto, nos resta duas opções, que, são também informação que vendo aqui a vocês, ou fazemos como diz Darwin e nos adaptamos a nova ordem da sociedade de informação e, como diria Paulo Freire, fazendo uma análise crítica daquilo que encontramos, ou, sucumbimos a afirmação de José Saramago na qual "O desbarato mais absurdo não é o dos bens de consumo, mas o da humanidade: milhões e milhões de seres humanos nasceram para ser trucidados pela História, milhões e milhões de pessoas que não possuíam mais do que as suas simples vidas. De pouco ela lhes iria servir, mas nunca faltou quem de tais miudezas se tivesse sabido aproveitar. A fraqueza alimenta a força, para que a força esmague a fraqueza". Se você não as conhece, sempre desconfie das letras.
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